sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Plano de aula - felicidade é apenas um estado de espírito?

Objetivos: Debater sobre a construção de uma imagem de felicidade criada pela indústria do consumo
Introdução: A busca pela felicidade é uma atitude recorrente em nossas vidas. Fazemos (quase) tudo para realizar velhos sonhos, conquistar espaços, buscar reconhecimento, suprir carências enfim, ser felizes. Mas há o reverso da moeda: para muita gente, atingir tal estágio virou uma espécie de dolorosa obrigação. Esse fenômeno inusitado, apontam os especialistas, deve-se principalmente às imagens de felicidade ideal produzidas pela chamada indústria do consumo. Elas nos induzem a estados de alegria, mesmo que estejamos tristes, insatisfeitos com nosso trabalho, nossas vitórias, nossa vida. Para Stephen Kanitz, colunista de VEJA, ser feliz é tentar alcançar os próprios sonhos e fazê-lo com a consciência das limitações que cada um de nós tem nessa empreitada. Kanitz também recorre a balões como metáforas da alegria e, como exemplos a ser repensados, cita jovens que querem salvar o mundo prematuramente e executivos que sofrem da fossa do bem-sucedido. Leia com a turma o artigo da revista e explore este roteiro de aula. Eles permitem discutir como o conceito de felicidade mudou ao longo do tempo. Deixe claro que a lição será marcada por muitas perguntas e poucas respostas, como pede um bom bate-papo filosófico.
Leve para a classe CDs com canções que exaltam a felicidade ou lamentam sua ausência. Tom Jobim, Vinícius de Morais e Lupicínio Rodrigues estão entre os artistas que abordaram o tema. Divida a turma em equipes. Cada grupo deve receber uma cópia dos quadros apresentados nestas páginas.
Execute trechos das músicas pré-selecionadas. Em seguida, proponha que os alunos escrevam, sem se identificar, seus conceitos pessoais de felicidade. Troque os textos entre eles. Há definições muito díspares? Em que as respostas se assemelham? Recorra também ao futebol como metáfora da felicidade. Fale das sensações de euforia, alegria e, em diversos casos, frustração que acompanham os torcedores de times rivais. Como os garotos se comportam frente aos resultados das partidas? E as meninas, a que situações costumam reagir de modo tão extremado?
Atividades: Oriente a leitura do ensaio de VEJA e diga que uma mesma condição pode gerar grande felicidade para alguns e igual tristeza para outros. Destaque os jogos de palavras do texto inflando, desinflando, erro, acerto e explore a passagem que menciona o jovem idealista que quer mudar o mundo com o que aprendeu no primeiro ano da faculdade. Os estudantes conhecem alguém assim? Exiba a ilustração da página abaixo e aponte os principais estereótipos que o personagem sugere. Estimule a turma a comentá-los.
Pergunte que profissão cada um dos alunos deseja seguir e o que pretende fazer para alcançar tal objetivo. O que parece mais importante: dedicar-se a uma atividade que renda dinheiro de imediato ou concretizar o sonho profissional mais precioso, mesmo que isso demande muito tempo?
Fale sobre o que a sociedade nos impõe como requisitos necessários para obter a felicidade. Os jovens se sentem influenciados, por exemplo, por imagens difundidas pela publicidade televisiva? Lembre que uma das situações mais clássicas é a que apresenta uma família contente durante o café da manhã um ícone típico dos anúncios de margarina. Todo mundo dispõe de meios para experimentar esse padrão de satisfação? Até que ponto o modelo proposto pela propaganda é original? Ele espelha desejos coletivos? As respostas devem permear noções de sucesso profissional e financeiro. Segundo os jovens, vale a pena um indivíduo sacrificar ideais e vocações para sujeitar-se a determinados tipos de trabalho em troca de bons salários e, assim, ter acesso à felicidade dos anúncios?
Passe à leitura coletiva dos pequenos textos com as idéias dos filósofos. Ressalte que eles não se preocuparam, em suas respectivas épocas, com regras morais para a boa conduta e com a maximização da felicidade. Desafie os grupos a adaptar as idéias de Sartre, Stuart Mill, Voltaire e Epicuro para os dias de hoje. Há alguma moral comum a todas as linhas de pensamento? Anote as sugestões no quadro-negro. Cite as dificuldades de quem vive na sociedade contemporânea para alcançar a tal felicidade. Que tipo de pressão é imposto pelas novas necessidades e formas de diversão? Quem consegue comprar os computadores mais modernos, home theaters de última geração e carros de luxo do ano? Como se sentem os excluídos desse mundo de consumo? Recorrer a drogas antidepressivas, que prometem felicidade por intermédio da química, é uma boa saída? O sorriso e o bem-estar podem ser comprados? Por quê?

Plano de aula disponível no site da revista Nova Escola